segunda-feira, 4 de abril de 2016

SÍNDROME DO PEQUENO PRÍNCIPE: EU GOSTO DE VOCÊ, AGORA FAÇA TUDO POR MIM!





Existem pessoas que vivem carregando pesos, se arrastando, por conta de sequestros. Os sequestros costumam ter início com frases como "Eu gosto tanto de você". A partir daí o sequestrador, usando do seu suposto afeto para com a outra pessoa, a faz seu refém. Começa a usar o argumento do "afeto" para lançar sua teia sobre o outro, fazendo exigências ainda que camufladas ou obrigando o outro a aceitar seus comportamentos invasivos. O sequestrado constrangido pelo afeto do sequestrador, fica enredado pelo mesmo e se torna responsável por ele. Daí o fato de chamar-se "síndrome do pequeno príncipe" em referência à conhecida frase: TU TE TORNAS ETERNAMENTE RESPONSÁVEL POR AQUILO QUE CATIVAS.

A frase até parece bonita. Mas a realidade implícita nela configura um grande equívoco. Há muita gente se fazendo responsável por quem de fato não é. Mas a manipulação é tanto que é como se a  vítima trouxesse pra si a frase e começasse a achar que de fato é obrigada a carregar aquele peso, por conta do AFETO que despertou no outro. Então pra não desencantar o outro, se submete a uma servidão. Esse tipo de situação também acontece no relacionamento conjugal. Tem marido e mulher sequestrando o cônjuge. E isso se dá quando um começa a lançar "obrigações" sobre o outro, que na verdade não são dele, como se ele fosse responsável por parentes e/ou amigos. Afirmações tipo: "Amor, você tem que ajudar o meu irmão que está precisando de dinheiro. Você sabe o quanto ele gosta de você", ou "você tem que deixar minha mãe morar com a gente. Do contrário ela ficará muito chateada com você", " você vai ter que comprar os produtos que a minha tia vende, viu? É minha tia, tá?" entre outras.

Abordagens como estas, são sequestros e dos mais covardes, diga-se de passagem. Porque vem embrulhados num discurso de que se deve fazer certas coisas por alguém, por ele gostar de cônjuge e não para com os demais. você. Mas é preciso ter a consciência de que o cônjuge tem deveres para com o outro cônjuge e não necessariamente com a parentela ou amigos do parceiro.  Ninguém se casa casou com a tia, com a mãe, com o pai, com o irmão do cônjuge, a não se com ele. Dessa forma, o compromisso que ele assume ao casar é sobretudo, com  quem casou. Ele não tem obrigações de fazer isso ou aquilo para os demais pelo simples fato de serem parentes ou amigos do companheiro. A pessoa pode até ser generosa, ajudar de alguma forma, mas não como algo que o outro impute a ela, não como um dever, mas por sua própria escolha.

Mas há casos em que o indivíduo se torna cativo, não por uma imposição do cônjuge, mas por sentir-se na obrigação em relação a um parente de seu parceiro. O próprio parente do cônjuge é quem acaba enredando o outro, deixando-o coagido, até que ele se acha incapaz de dizer não. E ai está estabelecido o cativeiro.

Algum parente do companheiro (sogra, sogra, irmão, irmã, tia, etc) começa a julgar que seu cunhado/cunhada/genro/nora agora tem obrigação de atender-lhe os caprichos ou suportar suas atitudes invasivas na casa ou na vida dele; como aparecer a hora que lhe convier, achar que tem a obrigação de emprestar o carro ou dinheiro, etc. Mas o fato é que não tem. É hora de acordar e repensar seus conceitos. Ele só dever fazer se realmente achar que deve, se quiser, se puder. 

Talvez você que me lê esteja sendo sequestrado pelo seu cunhado, seu genro, sua nora ou pode ser que seja o sequestrador. Eu não sei quem você é. Mas não se esqueça: não se deixe sequestrar e não sequestre ninguém. Não se deixe ser vítima nem tão pouco algoz. Viva a vida em paz, sem algemar as pessoas ou dar deixar-se ser algemado. Você que está sequestrando, pare de colocar quem não é responsável por você como se fosse, e   você que é sequestrado pare de achar que você é responsável por quem você não é. Não fique cativo. Quem gosta de você de maneira sadia, saberá lhe respeitar e não usará do afeto que diz ter, pra levá-lo cativo. Coloque limite nesses abusos, de forma assertiva, mostrando seu descontentamento, mas também com sabedoria e amabilidade. 






Psicanalista cristã

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